16.10.09

Números grandes para os pequenos

Com ditados e materiais simples, como calendários, jogos e coleções, turma de 6 anos de Paragominas vai muito além do 0 ao 10
Faoze Chibli mailto:novaescola@atleitor.com.br

Ditado de números: estratégia para avaliar a aprendizagem da garotada o ano todo.
Até que número a garotada da Educação Infantil pode aprender? Até o 10, o 100 o 1000? Em muitas escolas de Educação Infantil, os números são ensinados um a um, pouco a pouco, e não passam do 10."Nós achávamos que os pequenos só conseguiam compreender com base numa seqüência, de acordo com a idade e a série, mas muitos estudos e reflexões, como os de Delia Lerner e Patricia Sadovsky, mostram que não é isso", afirma Gesilene Aguiar, coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação de Paragominas, a 319 quilômetros de Belém. Lá, os professores planejam suas atividades partindo do pressuposto de que a criança, mesmo antes de ingressar na escola, conhece muito a esse respeito, interpretando e produzindo escritas numéricas. Quem está diariamente em sala na pré-escola sabe que nessa fase já há uma certa familiaridade até mesmo com valores altos. Na TV, todos vêem propagandas anunciando o preço de um carro e, no videogame, a pontuação chega aos milhares. Para sistematizar esse conhecimento, cabe ao professor propor atividades e situações que permitam perceber o valor dos algarismos conforme a posição que ocupam nos números. Assim, fica fácil compreender que 5 é menor que 15, por exemplo, e que 253 não é representado assim: 200503. Idéias simples, como fazer coleções de tampinhas ou contar qualquer coisa, como palitos de sorvete e os dias que faltam para um passeio ou aniversário, ajudam no aprendizado da escrita numérica.O ditado de números é uma estratégia valiosa, assim como o uso de materiais como cartelas numeradas, calendários e jogos de percurso. Tudo isso faz parte das atividades da professora Débora Costa Ferreira, da EMEF Dom João VI, de Paragominas, para a turma de 6 anos."Trabalhamos muito com o material que temos em sala, como o calendário. Ao falar de datas comemorativas e dos aniversários, as crianças entram em contato com o sistema de numeração, adquirindo esse conhecimento primordial para os futuros aprendizados", afirma Débora. Para que o trabalho traga resultados positivos, Priscila Monteiro, educadora do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo, chama a atenção para as condições fundamentais em sala: organização de grupos de, no máximo, cinco componentes, disponibilidade de material para todas as equipes e necessidade de a garotada se familiarizar com as propostas. É necessário, portanto, apresentálas com freqüência. Dessa maneira, você pode dedicar um tempo maior à observação dos grupos e a registrar as estratégias utilizadas por todos. Como em qualquer outra situação de resolução de problema, é importante que cada um ponha em ação suas idéias e as confronte com as dos colegas, o que ajuda a explicitálas e, dessa forma, a tomar consciência delas. Durante as atividades, as crianças defendem seus pontos de vista, questionam os dos outros, argumentam e tiram conclusões. Priscila alerta: "Essas ações não acontecem de forma espontânea. Cabe a nós, professores, organizar momentos que favoreçam a troca".
Atividades permanentes
Débora ressalta a importância de intervir constantemente para consolidar o conhecimento adquirido pelo grupo: "Para poder intervir, observo e registro tudo".
Conheça algumas atividades propostas por ela para ensinar o sistema de numeração.

CALENDÁRIO Na folhinha, a turma localiza datas comemorativas e busca informações. Em outubro, Débora questionou quanto faltava para o Dia das Crianças.Apresentando do 1 ao 31, o calendário permite que os pequenos compreendam ainda que 12 é menor que 21.Uma das suposições deles derrubada nesta atividade é que "quem manda" no valor é o algarismo que vem no fim.

TABELA NUMERADA Uma cartolina quadriculada contendo do 1 ao 100 serve de apoio para diversas atividades. Débora pede, por exemplo, que a meninada localize determinados números.Como a tabela é organizada de 10 em 10, a regularidade é notada: acima do 35 está o 25; abaixo do 84 está o 94. O material é útil também quando são realizadas coleções coletivas, como a de tampinhas. Se já há 20 na coleção, todos os quadrinhos da tabela, até o 20, estão marcados com X. Ao trazer mais duas tampas, a criança faz um X no 21 e outro no 22, realizando uma sobrecontagem, ou seja, começando a contagem de outro ponto que não o 1.

JOGO DE PERCURSO Durante a partida, a professora propõe questões como quantas casas faltam para um dos competidores ganhar.Para que a turma passe da contagem - quando o pino anda a quantidade de casas correspondente ao que saiu no dado -para a sobrecontagem, a professora utiliza dois dados. Ao tirar 5 e 3, em vez de contar os pontos, um a um, o jogador aprende que é mais rápido partir do dado que traz o maior número, 5, e adicionar os pontos do outro, completando 6, 7 e 8.

COLEÇÕES Pedras ou tampinhas, que não custam nada, podem ser juntadas às centenas. Os pequenos contam o total de objetos que possuem, escrevem, comparam quem tem mais e descobrem qual número é maior.

DITADO NUMÉRICO Débora observa o avanço da turma com essa atividade simples, ditando números diversos, como 15, 200, 450, 1000 e 2 006."Mesmo os mais novos costumam acertar o 2005 ou o 2006, pois eles já conhecem do calendário", observa a professora. Alguns colocam muitos zeros após o 1 para representar o 1000 porque têm noção de que é um valor alto. Depois que a classe repete essas atividades algumas vezes, Débora organiza momentos em que comenta os critérios utilizados por todos na resolução das tarefas. É sempre interessante analisar as possibilidades dadas à turma para chegar a uma solução, ainda que errada ou incompleta.

Brincar com jogos e tabelas numéricas...
- Facilita o aprendizado do valor numérico

- Possibilita registrar os números durante atividades práticas

Quer saber mais?
CONTATO EMEF Dom João VI, Rod. PA-256, km 11, 68634-000, Paragominas, PA, tel. (91) 3738-1541 BIBLIOGRAFIA Didática da Matemática, Reflexões Psicopedagógicas, Cecilia Parra e outros, 258 págs., Ed. Artmed, tel. (51) 3027-7000, edição esgotada

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