9.8.09

Ouvir, contar e recontar histórias - A narrativa como produtora de significados
Este artigo tem por objetivo refletir sobre a natureza do discurso narrativo e sua utilização em contextos escolares como dispositivo para aquisição e o desenvolvimento de competências lingüísticas e cognitivas e também como forma preservação do patrimônio cultural.O mundo nos é apresentado através da palavra, e é a palavra que dá significado ao mundo que nos cerca. Segundo Vygotsky (1993, p.4) o significado é ao mesmo tempo um ato de pensamento e parte inalienável da palavra, pertencendo tanto ao domínio da fala quanto do pensamento. Assim Vygotsky considera a linguagem um dos instrumentos básicos inventados pelo homem, que tem duas funções fundamentais: a de interação social - pois é para se comunicar que o homem cria e utiliza sistemas de linguagem - e de pensamento generalizante- pois é pela possibilidade de a linguagem ordenar o real que se constróem os conceitos e significados das palavras. Assim, os sistemas de signos produzidos culturalmente, não só interferem na realidade, mas também na consciência do indivíduo sobre esta. Nesta mesma visão de linguagem, encontra-se a teoria de Mikhail Bakhtin. Segundo Bakhtin, o objeto da lingüística não deveria ser a língua, mas a fala, a interação verbal, realidade fundamental da língua. Assim, a língua deve ser vista em sua totalidade viva e concreta, enquanto discurso, que tem como propriedade intrínseca: o dialogismo. Desta forma, a enunciação dialógica não poderia ser analisada sem levar em conta a situação social mais imediata e o meio social mais amplo que determinam inteiramente a estrutura da enunciação. Para Bakhtin, o discurso, seja ele qual for, nunca é autônomo, "... suportado por toda uma intertextualidade, o discurso não é falado por uma única voz, mas por muitas vozes, geradoras de muitos textos que se entrecruzam no tempo e no espaço.Segundo o psicólogo americano, Jerome Bruner, em sua obra "Atos de Significação" (1999), a cultura deve ser o conceito central da psicologia. Criada à partir de uma mudança de paradigmas das ciências humanas, após um longo tempo sob a égide do objetivismo, a teoria psicológica Interacionista Sócio-Cultural de Bruner propõe a revisão do foco de estudo da psicologia, antes centrada no Homem como indivíduo singular para vê-lo "(...) a contra o pano de fundo do reino animal, a partir do qual ele evolui no contexto da cultura e da linguagem que provêem o mundo simbólico no qual ele vive e à luz dos processos de crescimento que levam estas duas poderosas forças à combinar-se."

http://pt.oboulo.com/ouvir-contar-e-recontar-historias-a-narrativa-como-produtora-de-58489.html

Nenhum comentário: