9.8.09

A construção de sentidos na leitura compartilhada do livro de imagens
A entrada da criança na escola é um período quase sempre marcado pela expectativa frente ao principal desafio encontrado nesta nova realidade: o aprendizado da leitura e da escrita. Apesar de nos parecerem processos naturais, o aprendizado da leitura e da escrita nem sempre vem seguidos de êxito e tranqüilidade, e são, freqüentemente, causa de preocupação tanto para professores, quanto para os pais.Sob responsabilidade formal das instituições escolares, o ensino e a aprendizagem da leitura têm sido cada vez mais tema de pesquisa tanto na área da Lingüística, como nas áreas que estudam a pedagogia e os processos cognitivos. Assim, diversos são os pesquisadores que têm centralizado seus trabalhos nos problemas de leitura.Dentre os estudos relacionados à leitura, muitos tem se preocupado com um aspecto particular deste processo: a construção de sentido, mostrando que crianças com dificuldades de compreensão de leitura apresentam também dificuldades de produção e compreensão de histórias, lidas ou ouvidas (Brito, 2000).A atividade de escutar histórias faz parte da vida da criança desde muito cedo. Quer seja nas interações familiares, ouvindo um adulto ler um livro infantil, ou contar uma história real ou imaginária, quer seja nas interações escolares, onde o ouvir histórias é uma das atividades da rotina de sala de aula. Assim, a leitura faz parte tanto do cotidiano familiar quanto, e principalmente, do cotidiano escolar da criança.Segundo Teberosky (2003) a aprendizagem da leitura constitui-se numa atividade complexa, por tratar-se a leitura de uma aprendizagem cultural de natureza simbólica. Assim, a mediação do adulto faz-se necessária durante esta aprendizagem. A participação em atividades de leitura compartilhada permite à criança aceder ao mundo da linguagem escrita e apropriar-se de suas funções, formas e expressões.Considerando-se a atividade de leitura compartilhada como uma forma de interação da criança com a linguagem escrita, consideramos, então, esta atividade como uma forma de letramento. Letramento, segundo (Soares, 2001) é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita.Pesquisas nas áreas de psicologia e lingüística passaram a investigar como a interação social influencia no desenvolvimento da criança. Com o sentido de experiência compartilhada, na interação social, dois ou mais participantes atuam contribuindo com suas experiências e conhecimento, formando elos de troca e ajuda mútua.Dessa forma, a atividade narrativa é considerada como um ato comunicativo e um processo interacional, em que narrador e ouvinte atuam na produção da história. Segundo Gülich & Quasthoff (1985, apud MIRANDA, 2000), "... abordar a narrativa em circunstâncias interativas entre narrador e ouvinte é analisar o processo de produção".Estudos realizados na área já abordaram o tema, mostrando formas de assistência dada por adultos a crianças no desenvolvimento de discursos narrativos. Nessa perspectiva, acreditamos que os adultos podem atuar como forma de mediação na construção deste discurso narrativo e também como retextualizador (MARCUSCHI, 2001), ou seja, resignificador do discurso da criança.A leitura compartilhada de histórias é uma prática de leitura que desperta o interesse de estudo tanto da pedagogia, como da psicologia e da lingüística, e é através do seu estudo que podemos compreender o papel definitivo que a interação social exerce na aquisição da leitura pela criança. Compreender o papel do meio social nas aprendizagens do indivíduo é uma das preocupações cada vez mais freqüentes nos estudos sobre a aquisição da linguagem. As correntes de pesquisa que partilham desta tese do Interacionismo Social consideram a interação do indivíduo com o meio social como componente determinante de suas aquisições lingüísticas e cognitivas, privilegiando a dimensão interindividual da aprendizagem. Segundo esta perspectiva, a interação social se dá em três termos: Sujeito-Outro-Objeto.

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