14.12.08

Dica

É sempre bom estar por dentro das leis e decretos que regem as ações da escola.
Leia o PPP de sua escola.
A LDB e o Pedagógico

Geralmente, as leis tratam de assuntos técnicos, administrativos e burocráticos. É difícil imaginar-se uma "lei pedagógica", até porque pedagogia combina mais com princípios do que com leis. No entanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96) tem um forte componente pedagógico, se considerarmos pedagogia enquanto ciência da instrução e da educação e não método. Nesse sentido, há várias previsões legais que se dirigem ao administrativo, mas que implicam, obrigatoriamente, o pedagógico.
A LDB já se inicia afirmando que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem em vários lugares, um dos quais é a escola (art. 1°).
Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Aí está uma clara opção pela formação, prevalecendo esta sobre a informação e que os professores não podem desconhecer nos seus planejamentos. Mais à frente (art. 24, V), quando a lei vai tratar da verificação do rendimento escolar, afirma ela ainda que os aspectos qualitativos devem prevalecer sobre os quantitativos; ou seja, quantidade é importante, mas qualidade é mais importante.
Art. 24 - A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
V- a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
Como a LDB disciplina a educação escolar (uma das modalidades de educação), prevê ela que essa educação se desenvolve predominantemente por meio do ensino, em instituições próprias. Surge aí a figura do professor, da escola e da aula, já que "ensino em instituições próprias" é diferente de aprendizagem ou pesquisa através de multimeios.Como trabalhar os conteúdos que "serão ensinados" aos alunos? A LDB deixa claro que deverá existir pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, assim como liberdade de ensinar (art. 3°),
Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:III- pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
mas, de qualquer forma, a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social (art. 1°, § 2°),
§2º - A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a prática social.
com respeito à liberdade e apreço à tolerância, e com garantia de padrão de qualidade (art. 2°).
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;IX - garantia de padrão de qualidade;
Aprovação e reprovação podem ser vistos como aspectos meramente administrativos ou burocráticos de uma escola: preenchidos certos requisitos, os alunos devem ser aprovados, não preenchidos, serão reprovados. No entanto, a LDB deixa claro que o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística dar-se-á segundo a capacidade de cada um (art. 4°, V);Art. 4º - O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:V- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
na mesma linha, a classificação por promoção dar-se-á para os alunos que cursarem com aproveitamento a série ou fase anterior na própria escola (art. 24, II, a).
a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;
Portanto, a LDB privilegia a capacidade, mesmo em detrimento da formalidade, e proíbe a promoção dos alunos que não tiveram aproveitamento na série ou fase anterior; em resumo, a LDB descarta a promoção automática. Nesta mesma "linha dura" (art. 24, VI),
VI - o controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação;
a LDB não permite que sejam aprovados os alunos infreqüentes (com menos de 75% de freqüência global), mesmo que eles tenham aproveitamento e capacidade, o que é uma aparente contradição.Pela formalidade, chega-se ao título de "doutor", vencendo-se as etapas da graduação, pós-graduação, créditos e tese de mestrado, créditos e tese de doutorado. Pela LDB (art. 66),
Art. 66 - A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.
no entanto, o notório saber poderá suprir a exigência de título acadêmico, ou seja, passa-se de calouro a doutor, em uma semana, desde que se tenha capacidade e, ao menos em tese. Portanto, os planos de trabalho nos cursos voltados ao magistério superior têm que prever essa hipótese.Ao tratar da organização da educação básica (art. 23), a LDB atinge o ápice da sua flexibilidade, sugerindo cinco formas diferentes de organização: séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudo, e grupos não seriados.
Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
No entanto, se nenhuma dessas formas interessar à escola, e ao sistema, a lei deixa claro que pode haver uma "forma diversa de organização". Portanto, "vale tudo", desde que se atenda o interesse do processo de aprendizagem, ou seja, o objetivo a ser atingido é a aprendizagem, e é em função desse objetivo que se deve definir os meios, estratégias e formas de organização. Nesse caso, há uma clara prevalência do pedagógico sobre o administrativo.O professor pode usar o método que quiser, nas suas aulas (art. 3°), e a escola pode ter a organização que julgar melhor, na educação básica (art. 23), desde que, tanto um como a outra levem à aprendizagem dos alunos. É o administrativo vinculando o pedagógico.Ao tratar de uma parte aparentemente burocrática, que é a reclassificação dos alunos (art. 23, § 1° e 24, II, c), a LDB toca incisivamente na questão pedagógica.
§1º - A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais.
c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino;
A reclassificação, por analogia com, e por ser uma nova, classificação, visa colocar o aluno na série ou etapa mais adequada ao seu desenvolvimento e experiência. Coerente com o princípio da valorização da capacidade (art. 4°), a reclassificação é o mecanismo que serve para colocar o aluno na série mais adequada ao seu desenvolvimento, independentemente da sua idade, podendo ser essa uma série mais avançada, ou uma etapa mais recuada. O regimento escolar tem de prever essa situação e esse instituto (a reclassificação).Ao tratar dos currículos do ensino fundamental (art. 26) e médio (art. 36), a LDB instituiu componentes obrigatórios, o que é uma medida administrativa; ao mesmo tempo, porém, diz como alguns componentes devem ser tratados, o que é essencialmente pedagógico. Nessa linha, a educação física deve estar integrada à proposta pedagógica da escola; Filosofia e Sociologia, por sua vez, são tidas como temas transversais e não necessariamente como conteúdos lineares.
Art. 36 - O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania.
O mesmo ocorre com o componente "História e Cultura Afro-Brasileira", instituído pela Lei n° 10.639/03, cujos conteúdos "serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras". Visivelmente, esse componente é um tema transversal, e que dessa forma deve ser tratado no planejamento escolar e no projeto pedagógico.Um detalhe curioso na LDB, tanto do ponto de vista administrativo quanto do pedagógico, é a questão dos exames finais. Depreende-se da sua leitura que a LDB não gosta de exames finais; mas também não teve coragem de vetá-los. Por isso, num primeiro momento (art. 24, I) a Lei diz que o tempo reservado aos exames finais, quando houver, será excluído da carga horária mínima anual.
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
Num segundo momento, (art. 24, V, a), a LDB diz que os resultados obtidos ao longo do período devem prevalecer sobre os de eventuais provas finais.
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
A conseqüência direta desses dois dispositivos deverá ser a não adoção dos exames finais, por questões administrativas (não alongar o ano letivo) e também pedagógicas (as avaliações contínuas e cumulativas são melhores que as finais).Questão difícil de ser equacionada pedagogicamente é a do ensino religioso (art. 33), uma vez que constitui disciplina obrigatória dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, podendo ser tratada como conteúdo linear ou tema transversal, mas, ao mesmo tempo, a lei proíbe o proselitismo religioso. Nas aulas de ensino religioso é proibido defender, propagar ou propagandear uma determinada religião. Em resumo, e na prática, nas aulas de religião é proibido falar de religião, o que é, no mínimo, contraditório e incompatível.
Art. 33 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplinas dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus representantes (vedadas quaisquer formas de proselitismo).
O ponto mais importante da LDB, pedagogicamente falando, é, sem dúvida, a previsão da existência de uma "proposta pedagógica" que irá nortear o processo pedagógico das escolas e de todos os sistemas de ensino. A proposta pedagógica, elaborada e executada pela própria escola, o que dá a dimensão da sua autonomia, é que vai orientar todo o projeto administrativo e burocrático da escola, além do pedagógico, obviamente. Dessa forma, a proposta pedagógica vai dar origem ao regimento escolar, que é um verdadeiro estatuto da escola; vai subsidiar o plano de gestão, e embasar os planos de trabalho, de curso e de aula da unidade escolar. A LDB, ao prever que as escolas vão se organizar de acordo com as suas propostas pedagógicas e as normas do respectivo sistema de ensino, fez um vínculo estreito entre o administrativo e o pedagógico, deixando claro, ainda, que este deve prevalecer sobre aquele.
Como a Lei 9.394/96 concebe o ato de aprender

Interpretação dos principais artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 9.394/96, que tratam sobre o processo de aprendizagem nos estabelecimentos de ensino.

A Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (LDB), promulgada em 1996, é uma lei emanada do Congresso Nacional. Como lei 9.394/96, deve ser cumprida e respeitada. No entanto, para os educadores, deve ser tomada, também, como uma espécie de livro sagrado e, sendo assim, reverenciada.
Na Lei da Educação, são muitas as acepções de aprender que podemos depreender a partir da leitura de seus dispositivos legais referentes à educação escolar.
São estes princípios, indicados abaixo, um importante exemplário de conduta para diretores, professores, pais e alunos e, por isso mesmo, devem nortear, à guisa de um decálogo da boa aprendizagem, às práticas escolares:
1. A liberdade de aprender como principio de ensino (Inciso II, art. 3º, LDB): cabe ao educador a tarefa de, no âmbito da instituição escolar, ensinar a aprender, mas respeitar, como princípio, a liberdade de aprender. Só se aprende a aprender, papel fundamental da escola, na sociedade do conhecimento, com espírito de liberalidade, com espírito de liberdade de perceber, conhecer e aprender a ver o mundo com os olhos de um ser livre. Ensinar só tem sentido, no meio escolar, quando a liberdade é guia para a ação de aprender.
2. A garantia de padrões mínimos de qualidade de ensino para desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. (Inciso IX, art. 4º, LDB): cabe ao poder público, através dos governos; às famílias, através dos pais e responsáveis e à sociedade, como um todo, ofertar um ensino de qualidade. A qualidade de ensino só pode ser medida sob enfoque da aprendizagem. Não há qualidade de ensino quando o aluno deixa de aprender. Não há aprendizagem sem a garantia, a priori, de que as condições objetivas de aprendizagem estão hoje e serão permanentemente asseguradas: dinheiro direto na escola e gestão democrática de ensino.
3. O zelo pela aprendizagem dos alunos como incumbência dos docentes (Inciso III, art. 13, LDB ): aos docentes, o zelo pela aprendizagem do ensino é, antes de tudo, uma questão de compromisso profissional, ético, e resulta de uma atitude deontológica e ontológica perante seu papel educador na sociedade do conhecimento. Quando o aluno deixa de aprender, por imperícia ou incapacidade pedagógica, a escola perde o sentido de existir. Os alunos vão à escola para aprender a aprender, formar as bases de sua cidadania, para um exercício de co-cidadania, a partir do conhecimento do mundo e dos valores da sociedade.
4. A Flexibilidade para organização da educação básica para atender interesse do processo de aprendizagem (art. 23, LDB): À escola cabe a tarefa de patrocinar todas as formas eficazes de aprendizagem. O que interessa aos pais e agentes educacionais é a aprendizagem dos alunos. Se for preciso, deve a escola desmontar a estrutura antiga, mesmo que tenha sido a melhor referência educacional no século anterior. O importante é a escola fazer funcionar o ensino que garanta a aprendizagem dos alunos. A sociedade do conhecimento não se fossiliza mais em modelos, em paradigmas acabados: o paradigma novo, no meio escolar, é o devir, é a mudança constante.
5. A verificação do aprendizado como critério para avanço nos cursos e nas séries (item c, inciso V, art. 24, LDB): Quem aprende a aprender, isto é, passou a ser capaz de aprender com a orientação docente, deve ser incentivado a ir adiante e, seu tempo escolar, deve ser, pois aligeirado ou abreviado. A escola não pode ficar, com o aluno, mais de uma década, engessando seu andar, seu pensar, seu aprender. A escola é meio. A escola não é fim. O fim da escola é a sociedade. O fim da sociedade é humanidade, com toda carga semântica que esta palavra sugere no tempo e no espaço. O fim escolar, pois, é estar bem em convivência, em sociedade. Assim, a aprendizagem vem da interação. O que a escola deve ensinar é a estratégia de interagir, de aprender na socialização de idéias e opiniões, para que o aluno, desde cedo, se prepare para ação no meio social. É a vida social a verdadeira escola de tempo integral.
6. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, como estratégia para objetivar a formação básica do cidadão no ensino fundamental (Inciso I, art. 32, LDB): Ninguém nasce aprendiz, embora todo ser nasça para aprender. A capacidade de aprender deve ser, pois, desenvolvida nos primeiros anos escolares. Para tanto, devem ser definidas, desde logo, nas escolas, as estratégias de aprendizagem que priorizem a leitura, a escrita e o cálculo. O que fazemos na sociedade do conhecimento depende unicamente da leitura, escrita e o cálculo. Por isso, deveriam ser as três únicas disciplinas do currículo escolar. A escola não deve se ocupar de domesticar, isto é, passar a ser, coadjuvante, de um aparelho ideológico do Estado ou da sociedade política, de natureza coercitiva, assim como, historicamente, vem procedendo a Igreja e a Justiça. A escola deve unicamente preparar seus alunos para a vida em sociedade, para a prosperidade material e comunhão entre os homens.
7. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores para objetivar a formação básica do cidadão no ensino fundamental (Inciso III, ar. 32, LDB): cabe à escola desenvolver estratégias para fortalecer a memória de longo prazo (MLP) dos educandos. A aprendizagem é o assegurar de informações e conhecimentos, por parte do educando, no seu "estoque de informação na memória". Quem memoriza, pensa mais. Quem pensa mais, aprende mais. Quem aprende mais, emancipa-se mais cedo. O homem só aprende quando é capaz de manipular o que produz, os objetos, as mercadorias e as máquinas. Uma criança que depende de uma simples máquina de calcular para saber quanto é 2 + 2, ou 2 X 2 ou 2 X 9 ou 2 X 2,897 não está preparada para resolver, no mundo, de cabeça, soluções domésticas, cotidianas, imediatas, em interação com outro, que exigem, em ação rápida, uma decisão pronta, às vezes, uma questão de valor para a vida social. Aprender é espécie de gol de placa quando a bola não cai no pé mas na cabeça.
8. A adoção no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem,. (§ 2º, art. 32, LDB): cabe à escola criar as condições de aprendizagem, através de oferta das mais diversas e criativas formas de aprender, e não temer que seja avaliada por métodos inovadores, antigos, ou tradicionais. Por isso, a escola, pensando e agindo bem, fazendo com que seu aluno sempre venha a progredir, deve constantemente atualizar ou mudar seu ritmo de acesso aos saberes, e assim, seus docentes, devem estar atentos para as formas de avaliação que vão se desenhando nas instituições educacionais, não como forma de controle pedagógica, mas como forma de verificar se estar valendo a pena a mudança ou a alteração dos modelos novos instaurados no meio escolar. Mudar é preciso para a garantia da ação de aprender.
9. A garantia às comunidades indígenas da utilização, no ensino fundamental, de processos próprios de aprendizagem. (§ 3º, art. 32, LDB): aos índios e a todos os representantes das minorias, incluindo os pobres e negros, devem ter assegurados critérios justos de avaliação pedagógica. Devemos tratar igualmente a todos por suas diferenças. Isso requer mais trabalho, maior suor dos docentes, mas cumpre um papel importante de eqüidade na sociedade de classes. Quem respeita as minorias, transforma a escola em excelência de eqüidade.
10. A continuidade do aprender como finalidade do ensino médio para o trabalho e a cidadania do educando (inciso II, art. 35, LDB): quando concluímos a educação básica, devemos ser estimulados a seguir a caminhada rumo à Universidade, instância da educação superior. Lá, somos realfabetizados e descobrimos que aprender é um continuum: aprender é um processo que se dá, inicialmente, no meio escolar, mas perdura, por toda vida, na sociedade. Aprender é como beber água: é bom demais.
A Lei 9.394/96 e os Profissionais de Educação

Um juiz que durante todo o dia aprecia, em um tribunal, processos e mais processos, julga juridicamente seus réus segundo a prova dos autos e, à noite, vai a uma escola de ensino médio ou à Universidade ministrar a disciplina.

Um juiz que durante todo o dia aprecia, em um tribunal, processos e mais processos, julga juridicamente seus réus segundo a prova dos autos e, à noite, vai a uma escola de ensino médio ou à Universidade ministrar a disciplina Introdução ao Direito, é professor ou um profissional de educação? Um docente, formado em curso de graduação plena (licenciatura), que durante os turnos da manhã e tarde, ministra aulas de redação, literatura e gramática, em uma escola pública de ensino médio e à noite faz curso de aperfeiçoamento na sua área, é um professor ou um profissional de educação?Todo profissional de educação é professor, mas nem todo professor é um profissional de educação. Diríamos que o juiz é um professor, sua ocupação não é permanente, é secundária, e resulta de sua especialidade profissional na área de Ciências Jurídicas. O juiz é um profissional de Direito em exercício secundário de magistério.
Um docente é um profissional de Educação em exercício primário de magistério de caráter permanente, transforma seu ofício em uma carreira, é, poderíamos dizer, o magistério é a sua profissão jurídica, caracterizando-se assim como um profissional de educação escolar. Todo profissional de educação é professor, mas nem todo professor é um profissional de educação. Um juiz, um enfermeiro, um contador, um médico, um militar, um engenheiro, qualquer profissional liberal, enfim, pode nos seus horários de disponibilidade exercer o magistério, as instituições escolares ganham muito com suas experiências no mundo do trabalho. Assim, um juiz torna-se, um juiz-professor, mas não é um profissional de educação na sua essência profissional, ao contrário dos profissionais de ensino que exercem que o magistério com dedicação exclusiva, isto é, a sala de aula é sua principal fonte de sustento.
TERMINOLOGIA - O termo professor, no final do século XX, é muito amplo, não é restrito apenas aos profissionais que concluíram cursos de licenciatura e que estão, em sala de aula, ministrando aulas de disciplinas do currículo da educação básica ou da educação superior, um termo utilizado para todos aqueles que ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina; mestre: professor universitário; professor de ginástica. Daí, um juiz pode ser um professor de Direito Criminal e um ginasta poder ser um professor de ginástica. Um juiz, no entanto, pode abandonar, em determinado momento a carreira de magistrado, e dedicar-se exclusivamente ao magistério, transformando-se, assim, é um profissional exclusivo da educação escolar, o que não seria vantajoso do ponto de vista financeiro, uma vez que, historicamente, os proventos e gratificações dos magistrados são bem superiores aos dos profissionais da educação escolar.
Na Constituição Federal de 1988, quando o legislador faz referência ao termo professor o faz excepcionalmente para assegurar a garantia de acumulação remunerada de cargos ou funções públicos a três segmentos do setor público: servidores da Administração Pública, juizes, membros do Ministério Público. A LDB sabiamente chamam de profissionais da educação escolar todos aqueles docentes que ministram na educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação superior.
FORMAÇÃO DOCENTE - Uma das inovações introduzidas pela Lei 9.394/96 foi o tratamento dado aos docentes e especialistas da educação básica. A LDB é a principal referência do profissional e especialista de ensino. A Legislação Estadual, particularmente a Constituição do Estado, é outra fonte esclarecedora dos problemas relativos à profissão do magistério. A LDB se refere aos profissionais da educação escolar sob diversos aspectos como formação, aperfeiçoamento, recrutamento, seleção, remuneração e carreira. A formação docente é proposta numa linha programática que incentiva a sua progressiva a elevação cultural e técnico-pedagógica. É norma geral exigir-se como formação mínima para o exercício do magistério da educação escolar. Na Educação Básica, a LDB exige nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena, em universidade e instituições superiores de educação ;cursos formadores 9de formação) para a educação básica; A formação docente incluirá prática de ensino de no mínimo trezentas horas. Para a educação infantil e as quatro primeiras séries do ensino fundamental, a LDB permite formação em ensino médio, na modalidade Normal; Curso Normal Superior; Programas de formação pedagógica (para portadores de diplomas de educação superior que querem se dedicar à Educação Básica) São exigidos os cursos de graduação em Pedagogia e Curso em Nível de Pós-Graduação para formação de profissionais de educação para atuação nas áreas de administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional.
A LDB determina que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores doe ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. (Art. 59, III). Em fim, para o Magistério superior, a LDB exige Curso em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.
VALORIZAÇÃO DOCENTE - A longa tradição de desrespeito ao professor levou os parlamentares, em 1988, a dispor, na Constituição Federal, sobre a valorização do profissional de ensino como princípio de ensino (Art. 206, VI). Na LDB, lei decorrente da Constituição federal de 1988, o legislador reafirma os princípios de ensino, destinando-o o princípio da valorização do profissional da educação escolar (Art. 3o, VII). Na Constituição Federal, a valorização do profissional de ensino (Art. 3o, VII) é consubstanciada em três itens: a) Plano de Carreira para magistério público, b) Piso salarial profissional e c) ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos e d) garantia de regime jurídico para todas as instituições mantidas pela União. Na LDB, o Art. 67 determina que os sistemas de ensino (federal, estadual e municipal) promovam, através de estatutos e dos planos de carreira do magistério público, as seguintes garantias: A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 e a Constituição Estadual de 1989, o ingresso nos sistemas federal, estadual e municipal de ensino é exclusivamente por concurso público de provas e títulos. O valor do concurso público não está mais na garantia outorgada ao servidor de estabilidade, mas de não depender de favorecimento político para ingressar nos estabelecimentos oficiais de ensino. O aperfeiçoamento profissional de forma continuada é outro componente importante na política de valorização do profissional de ensino, inclusive a LDB prescreve que, para esse aperfeiçoamento continuado, haja licenciamento periódico remunerado para esse fim. Na sua carga de trabalho, os docentes devem dedicar períodos ao planejamento entre seus paresO piso salarial profissional, previsto na Constituição Federal e na LDB e ainda reproduzido nas constituições estaduais, é um item importante na política de valorização dos profissionais de ensino, mas que, para sua eficácia, não depende unicamente da vontade dos profissionais de educação escolar, e sim, da sua luta frente às esferas públicas para fazer valer o direito. A LDB ao determinar que a progressão funcional é baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho. A LDB traz como grande avanço na política de valorização profissional dos docentes a garantia aos docentes de período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluídos na carga de trabalho. As condições de trabalho docente são de base da qualidade do ensino. A infra-estrutura dos estabelecimentos de ensino deve atender as condições de trabalho como gabinetes de estudo, sala para reuniões do colegiado, sala de estar para atendimento especial a alunos e a seus pais A fim de garantir, na prática, os salários condignos aos professores, a LDB determina, no Art. 71, que as despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, a destinação de recursos para remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação. O Art. 71 impede que despesas de MDE realizadas em pessoal docente de mais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividades alheia à MDE.
DEVERES DOCENTES - A LDB é clara ao determinar que os estabelecimentos de ensino terão a incumbência de "velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente" (Art. 12, IV). Pela primeira vez, na história educação brasileira, os docentes são participantes da organização da educação nacional. A LDB enumera, pelo menos, seis incumbências dos docentes: A LDB traz como um dos deveres dos docentes, no exercício do magistério, a participação ativa na elaboração da proposta pedagógica que e, como sabemos, a grande tarefa da comunidade escolar, isto é, alunos, professores e direção. O chamado PTD (Plano de Trabalho Docente) é responsabilidade do docente. Cabe a cada docente, logo após a elaboração da proposta pedagógica da escola seu plano de trabalho docente, destacando para os níveis em que vai atuar os objetivos, conteúdos, estratégias, metodologia e avaliação, a distribuição da carga horária dentro e fora da sala de aula. Durante muitos anos a principal tarefa da escola era ensinar, voltando-se exclusivamente para transmissão de conteúdos, sem preocupação com o processo de aprendizagem, isto é, ensinar de forma eficaz. A definição de estratégias de recuperação é importante para dar uma segurança aos alunos, aos pais dos alunos, enfim, à comunidade escolar saber o ponto de partida e seu ponto de chegada no seu fazer pedagógico. A ministração das horas-aula e os dias letivos pelo próprio titular da disciplina é responsabilidade do docente. Daí, não se concebe que professores contratem serviços de terceiros para eventuais afastamentos durante cursos de aperfeiçoamento ou de formação. Na verdade, quando ocorre "buracos" na escola, isso resulta da falta de planejamento escolar. Na sua carga de trabalho, os docentes devem dedicar períodos ao planejamento entre seus pares, com fim evitar a superposição de conteúdos e de matérias, à avaliação da instituição e do seu desempenho docente e ao desenvolvimento profissional, através de cursos de atualização, aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado. Por fim, articular-se com as famílias e a comunidade, dentro e fora da escola, é de grande valor no trabalho pedagógico do docente. Ter a realidade como ponto de partida do fazer pedagógico é estar ao lado da família dos educandos, conhecer sua realidade para respeitar suas diferenças. Um docente, ao passar por uma praça ou campo de futebol, deve ser apontado como um profissional que trabalha com o processo de formação escolar das pessoas da comunidade, de modo a angariar não só admiração, mas respeito e reverência por ser o representante ativo do conhecimento na comunidade.
A Avaliação Escolar à Luz da Lei 9.394/96

O sistema de tirânico de atribuir notas e médias finais, concentrado no poder autocrático do professor, não tem estimulado os desvios éticos na formação escolar? A idéia central do nosso artigo é mostrar a urgente necessidade de novas posturas dos docentes para a reversão do fenômeno da cola, mais conhecida por "pesca", no processo de avaliação escolar.

Há uma relação estreita, oriunda da tradição jesuítica, entre o sistema de notas e a avaliação escolar. Aos olhos da educação em valores, essa relação pode não ser assim tão próxima e inseparável, isto é, a atribuição de notas e médias finais não tem que obrigatoriamente estar inserida no processo de avaliação.

Alguns colegas já me indagaram: "Professor, a LDB acabou com a reprovação?". Não é bem isso. A LDB acabou, a rigor, com o sistema tirânico de notas e médias finais no processo de avaliação escolar. Claro, a nota pode existir como referência de verificação de estudos. Vejam bem: a nota verifica, não avalia. A verificação é parte do processo de aprendizagem e, portanto, não deve ser confundida com o julgamento do ensino. Ninguém aprende para ser avaliado. Nós aprendemos para termos novas atitudes e valores no palco da vida. A avaliação, meio e nunca fim do processo de ensino, não deve se comprometer em ajuizar, mas reconhecer, no processo de ensino, a formação de atitudes e valores.É na educação básica que devemos reforçar que a cola resulta de atitude negativa, pode se tornar viciosa, prejudicial à formação de valores

A educação em valores é uma realidade legislatória. A LDB, ao se referir à verificação do rendimento escolar, determina que nós docentes observemos os critérios de avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (Art. 24, V). Aspectos não são notas, mas registros de acompanhamento das atividades discentes.

A avaliação contínua e cumulativa é um recado para todos professores que nenhuma avaliação deve se decidida no bimestre, trimestre ou semestre, mas deve resultar de um acompanhamento diário, negociado, transparente, entre docente e aluno, daí seu aspecto diagnóstico. Ou seja, constatada no processo de avaliação a não retenção de conhecimentos, toma-se a medida de superar a limitação de aprendizagem.

A rigor, a avaliava contínua e cumulativa é exatamente para nos convencer que uma nota não deriva de uma eventual prova mensal, bimestral ou semestral. A nota, quando existe, resulta de processo de aprendizagem, em que, a partir de um pacto de convivência entre professor e aluno, define-se a avaliação, satisfatória ou insatisfatória. A avaliação insatisfatória não significa reprovação com conotação de promoção ou decesso.

Na educação escolar, a fase da educação infantil é o período mais fértil para mostrar as crianças que a avaliação é apenas um acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental (Art. 31).

Nos demais níveis escolares, inclusive a educação superior, a avaliação deve estar submetida aos objetivos de formação do cidadão, especialmente de levar o educando ao desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores.

É na educação básica que devemos reforçar que a cola resulta de atitude negativa, pode se tornar viciosa, prejudicial à formação de valores. Não somos estimados, na vida, no mundo do trabalho, por notas, mas por merecimento intrínseco.

A nota, no meio escolar, é um julgamento de aproveitamento de estudos, expresso em números; contudo, uma nota dez, por exemplo, não é garantia de uma qualidade virtuosa. A virtude, um dos fins da educação em valores é construída a partir do sentimento de dever e do devir e nada tem a ver com notas ou conceitos de rendimento escolar.

Facultar a nota e assumir uma educação em valores é o grande desafio para os novos mestres.Vamos começar com algumas verdades duras, mas necessárias: a primeira, os alunos na educação infantil enxergam a cola; a segunda, os alunos no ensino fundamental exercitam a cola; a terceira, os alunos no ensino médio se habituam a colar e quarta, os alunos na educação superior aperfeiçoam a cola. Resultado: os professores, desde a primeira fase da educação formal, entram em parafuso com essa constatação e mergulham no desvario pedagógico, sem que encontrem uma solução para essa problemática escolar.

Que os alunos "pescam" é um fato. Os docentes não podem negar e simplesmente fazer vista grossa. Os professores, os mais rígidos, são as maiores vítimas da cola clandestina. Uma pesca bem tramada, utilizando recursos rudimentares ou os mais sofisticados no mundo eletrônico, ocorre principalmente nas escolas dos filhos das classes favorecidas.

Venho observando há quase duas décadas de magistério em escolas privadas, as melhores de Fortaleza, em escolas públicas e nas universidades, públicas e privadas. Mas, dentro desse mar de clandestinidade, consegui, nos últimos anos, reverter em cem por cento a cópia ilegal.

A façanha de eliminar a cola em sala de aula não me torna um herói, dá apenas sentido a uma educação em valores. É isso mesmo. Uma educação voltada aos valores revela, desde cedo, às crianças que, na vida, a competência cognitiva não é tão determinante na conquista de uma vaga no mercado de trabalho. As empresas desejam pessoas competentes, mas equilibradas emocionalmente, com posturas éticas nos conflitos e contradições no mundo do trabalho, que garantem não só a prosperidade mas a própria integração e solidariedade de seus funcionários.

Minha fórmula é simples: eu dou a nota. Isso mesmo. Oferto a nota como se pergunta a macaco se ele quer banana. A nota que o aluno quiser. Isso para mostrar, desde cedo, ao aluno que meu magistério não se confunde com prova formal, escrita, periódica. A prova, claro, é aplicada, mas não para dar nota, mas validade aos conhecimentos apreendidos pelo discentes e respaldar meu método de ensino. Ao contrário de se criar desordem na avaliação, cria-se uma cultura auto-avaliação a partir da consciência-de-si.

Na prática, isso tem mostrado grande resultado: o fim da tensão avaliativa. Os alunos não se sentem pressionados ou tensos para aprender e realizar nossas avaliações. As provas passam a ter um caráter eminentemente de aprendizagem. Enfatizo a necessidade de estabelecermos um acordo de convivência, em que não há lugar, na sala de aula, para a prática do desarrazoado.

Meu papel, no decorrer do processo de aprendizagem, não é ser um detetive ou investigador de crime escolar, pronto para descobrir as mais sofisticadas fórmulas de "pesca". Meu papel é o de educar, modificar comportamento do aluno, levá-lo adiante, fazer avançá-lo não só em aspectos quantitativos mas também em aspectos qualitativos, isto é, os valores e princípios maiores da boa ensinança.

Confesso que, no início desse procedimento avaliativo, temia que muitos alunos, especialmente os mais ousados, chegassem a mim e simplesmente dissessem: "pronto, taqui, mestre, minha prova em branco. Pode colocar um dez". Esse leve temor me fez ver que, na prática docente, minha atitude não poderia ser demagógica ou falaciosa. Em sala de aula, ou você tem uma relação aberta, dialógica, fraterna, verdadeira ou não chega a lugar nenhum.

Facultar a nota e assumir uma educação em valores é o grande desafio para os novos mestres. No meu caso, já no primeiro dia de aula faço a oferta das notas e não há quem admita recebê-las espontaneamente, por puro comodismo. Confirmo a desconfiança de que vamos à escola não para aprender a tirar boas notas, e sim, termos uma formação de atitudes e valores. A vontade de aprender, e aprender em condições de tranqüilidade do espírito, é bem mais prazerosa e construtiva do que receber notas sem a paixão de aprender. A educação em valores não acolhe a lei do menor esforço.

Ora, minha tese é o seguinte: onde há transparência, não há clandestinidade ou ilegalidade. Se minha autonomia docente é capaz de outorgar uma nota, aparentemente graciosa, não se justifica a cola nessa situação, e sim, um maior envolvimento e solidariedade do aluno no processo de ensino proposto pelo professor. Se, eventualmente, o aluno obtiver uma nota baixa, estou ao seu lado para ajudá-lo a superar a deficiência de aprendizagem.

Decerto, esse não é melhor caminho, não é o melhor método para se acabar com a cola. Sei, apenas, que o contraveneno da cola vem das próprias entranhas da escola, da contradição de seu vício. Também nosso compromisso, no âmbito da educação escolar, não é perseguir métodos, e sim, conscientizar nossos alunos de que o conhecimento cognitivo não deve ser tomado como única garantia, no mundo do trabalho, de prosperidade ou sucesso na vida.

Conhecendo um pouco sobre a L D B

A Lei 9.394/96 proíbe a reprovação em sala de alfabetização
Adverte pais e gestores educacionais para a aplicação da Lei 9.394, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que não reconhece a alfabetização como nível ou subnível de ensino, ficando, assim, proíbida a reprovação na alfabetização.

Uma criança, em sala de alfabetização, não deve nem pode ser reprovada. Direi de outra maneira: a alfabetização não tem caráter avaliativo, com fim de promover o aluno de um nível de ensino para outro.
O presente artigo prova, através da legislação educacional, que a sala de alfabetização não é reconhecida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nem tem, por isso mesmo, caráter reprovativo. Nenhum aluno, matriculado, em sala de alfabetização, em escolas públicas ou privadas, municipais, estaduais ou federais, pode ficar retido em sala de alfabetização,ou pode ser rotulado de “reprovado”, mesmo que a escola considere que criança não está alfabetizada em leitura.
A Lei 9.394, a LDB, promulgada em 20 de dezembro de 1996, não reconheceu a sala de alfabetização como nível ou subnível de ensino.
Pelo artigo 21, da referida Lei, a educação escolar compõe-se de:
(1) educação básica, formada pela educação infantil ensino fundamental e ensino médio e
(2) educação superior.
O que se pode observar pelo artigo 21 é que a Lei não faz qualquer referência à alfabetização. No artigo 29, a LDB, sim, refere-se à Educação Infantil entendida como primeira etapa da educação básica cuja finalidade precípua é “o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.
Durante muito tempo instituições privadas de ensino entenderam que a classe de alfabetização poderia ser considerada um subnível da educação infantil. Ou, talvez, uma fase intermediária e imprescindível entre a educação infantil, especialmente a pré-escola e o ingresso na primeira série do ensino fundamental. Uma concepção com boas intenções, mas com uma origem equivocada ou falaciosa: o ensino fundamental, no seu primeiro ciclo, é exatamente para dar início ao processo de alfabetização. Veja que utilizei a palavra processo para dizer que durante toda a fase da educação básica o aluno, ao certo, está sendo “alfabetizado” em leitura, escrita, ortografia, informática, e assim adiante.
A educação infantil não acolhe a sala de alfabetização. No artigo 30, a lei diz que a educação infantil será oferecida em:
(1) creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e
(2) II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.
Na verdade, hoje, com a Lei nº. 11.274, de 2006, a rigor, a educação infantil só vai até os cinco anos.
E por que existe sala de alfabetização no Ceará? Ora, por pura tradição e predomínio de uma pedagogia de época que via na alfabetização uma fase preparatória para o ingresso da criança no Ensino Fundamental, etapa que os professores já esperavam, também, o domínio rudimentar em leitura, escrita e cálculo por parte dos alunos.
Durante muito tempo, a pedagogia de alfabetização do bê-á-bá também favoreceu o surgimento de sala de alfabetização não só no Ceará como em muitos estados da Federação, especialmente os da Região Nordeste. Por alfabetização, se entendia e se entende, em muitas escolas, a prática de ensino da primeiras letras. É o que os teóricos de leitura chamam de decodificação, onde o principal papel da escola é ensinar a criança a reconhecer as letras, nomeá-las e de forma não muito sistemática a relação letra-fonema, para o início da leitura mecânica. Aqui, vale dizer que não se cogita ou se cogitava o ensino da leitura com sentido, isto é, ler o texto para atribuir-lhes sentidos.
Em outros casos, o pensamento ou metodologia de muitos alfabetizadores, favorecidos, quase sempre, pelas cartilhas de alfabetização, do abecê, concebia (m) a alfabetização como a iniciação no uso do sistema ortográfico. Ora, esta concepção é descartada, hoje, é ampliada e vista como processo de aquisição dos códigos alfabético e numérico ou, em outras palavras, como o uso social da língua verbal e não-verbal, o chamado letramento que deve ser trabalhado, principalmente, na primeira série do ensino fundamental e enfatizada até a quarta-série do mesmo nível de ensino. É aqui que se ensina, realmente, a língua e o sentido que permeia as habilidades lingüísticas como leitura, escrita e ortografia e os números. Na etapa anterior, a da educação infantil, o que se pode fazer é uma educação lingüística, enfatizando, em sala, a linguagem e suas funções, mas sem qualquer conotação ou apelo metalingüístico ( por exemplo, estudo das vogais, das consoantes, das semivogais, das sílabas, dos ditongos etc)
Agora, tanto na educação infantil como ainda nas remanescentes salas de alfabetização (no Rio Grande Sul, por exemplo, não existem mais salas de alfabetização) não têm caráter de promoção, isto é, não é pré-requisito para que a criança entre no ensino fundamental. O pai ou responsável pode, inclusive, queimar esta etapa e matricular a criança diretamente no ensino fundamental. Claro, o maior prejuízo, nesse caso, é a perda da socialização uma vez que se aprende bem a língua materna em interação, na relação interpessoal e em vida social. Na educação infantil, pode a escola, desde cedo firmar as bases do aprender a ser, a conviver, a conhecer e a fazer, pilares da educação universal, segundo a UNESCO. Mas isso é uma alfabetização para a vida, para um olhar novo sobre o mundo, como quis a pedagogia paulofreiriana.
O artigo 31, da LDB, diz, textualmente e reafirma o que dissemos anteriormente, que na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. O quer dizer que os pais ou responsáveis podem, repito, não matricular seus filhos nesta etapa e, aos seis anos, podem matricular a criança diretamente no ano inicial do ensino fundamental, mesmo sem “ ser alfabetizado”. Por quê? Porque o ensino fundamental, especialmente no seu primeiro ciclo, é exatamente o período para a alfabetização em lectoescrita.
Mais recentemente o artigo 32, da LDB, foi modificado pela Lei nº. 11.274, de 2006. A lei determinou que o ensino fundamental obrigatório passou a ficar com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, e tendo, por objetivo, a formação básica do cidadão.
(1) - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
(2) - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
(3) - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores.
O item 3 do artigo 32, da LDB, como podemos observar, se constitui, assim, um momento de alfabetização no ensino fundamental onde a criança vai desenvolver a competência de aprender através do domínio da leitura, da escrita e do cálculo.
Diria que nesta fase de ingresso da criança, aos seis anos, no ensino fundamental deve ser prioritariamente dedicado ao “o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social”, conforme acentua o inciso IV do artigo 32, da LDB
Vale salientar que o artigo 6º da LDB, modificado pela Lei nº. 11.274, de 2006 estabelece, de forma compulsória, o dever dos pais ou responsáveis de efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental.
Uma outra novidade que deve ser considerada por gestores educacionais, pais ou responsáveis e educadores é que o artigo 32 da LDB sofreu, pela Lei 11.274, a seguinte modificação em sua redação: o ensino fundamental obrigatório passou duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade e terá por objetivo a formação básica do cidadão.
Uma palavra final: não permita que se filho ou filha seja retido (a) em sala de alfabetização. A existência de sala de alfabetização revela hoje o quanto a escola está na contramão da LDB e dos demais estados que têm experiência exitosa em alfabetização, como os da Região e Sudeste do País. Em caso de resistência da escola, procure esclarecimento junto ao Conselho Estadual de Educação ou evoque à LDB através da promotoria pública.
Vicente Martins (vicente.martins@uol.com.br)Professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), de Sobral, Estado do Ceará, Brasil. (Veja mais conteúdo publicado por este autor no DireitoNet).

4.12.08

Desejo a todos que visitaram meu blog, um Feliz e abençoado Natal...
e aqueles que deixaram sua marquinha .... Volte sempre ...
Beijocas carinhosas...
Leila
Evilasio
Val
Antônio

23.11.08



Feliz Natal.....

18.11.08

Frases sobre Natal
"O Natal começou no coração de Deus. Só está completo quando alcançar o coração do homem." (Autor desconhecido)

"Natal, minha criança, é amor em ação. Toda vez que nós amamos, toda vez que nós damos, é Natal." (Dale Evans Rogers)
"O Natal é um tempo de benevolência, perdão, generosidade e alegria. A única época que conheço, no calendário do ano, em que homens e mulheres parecem, de comum acordo, abrir livremente seus corações." (Charles Dickens)

"Eu sempre pensei em Natal como um tempo bom; um bem, perdão, generosidade, época agradável; uma época em que os homens e mulheres parecem abrir os corações deles/delas espontaneamente, e assim eu digo, Deus abençoe o Natal!" (Charles Dickens)

"Sugestões de presente para o Natal: Para seu inimigo, perdão. Para um oponente, tolerância. Para um amigo, seu coração. Para um cliente, serviço. Para tudo, caridade. Para toda criança, um exemplo bom. Para você, respeito ". (Oren Arnold)

"A única pessoa realmente cega na época de Natal é aquela que não têm o Natal em seu coração." (Helen Keller)

"O Natal é uma época do ano em que as pessoas de todas as religiões estão juntos para adorar Jesus Cristo." (Nancy Cartwright)

"O melhor de tudo, Natal quer dizer um espírito de amor, um tempo quando o amor de Deus e o amor dos seres humanos deveriam prevalecer acima de todo o ódio e amargura, um tempo em que nossos pensamentos, ações, e o espírito de nossas vidas manifestam a presença de Deus." (Autor desconhecido)

"Lembre-se, se o Natal não é achado em seu coração, você não o achará debaixo da árvore." (Charlotte Carpenter)

"É Natal na mansão, fogos natalinos e vestidos de seda; É Natal na cabana, a Mãe está enchendo pequenas meias. É Natal na rodovia, na multidão, comércio cheio; Mas o mais querido, mais verdadeiro Natal é o Natal em si." (Autor desconhecido)

"O Natal agita uma varinha mágica sobre todo o mundo, e observe, tudo é mais suave e mais bonito." (Norman Vincent Peale)

"Uma das coisas agradáveis sobre o Natal é que você pode fazer as pessoas esquecerem do passado com um presente." (Autor desconhecido)
"Natal sem Jesus não tem alegria, vira tristeza, torna-se nostalgia." (Ave Maria)

"Por que o Natal é um pouco igual um dia no escritório? Você faz todo o trabalho e o sujeito gordo com o terno adquire todo o crédito." (Autor desconhecido)

"Natal, crianças, não é uma data. É um estado da mente." (Mary Ellen Chase)

"Eu honrarei o Natal em meu coração, e tentarei manter o ano todo." (Charles Dickens)

"Natal não é uma estação. É um sentimento." (Edna Ferber)

"Feliz Natal! Por que nós dizemos isto uma vez por ano, quando nós podemos dizer a qualquer época do ano. Então. FELIZ NATAL!!!" (Autor desconhecido)

"Natal não é uma época nem uma estação, mas um estado da mente. Apreciar a paz e benevolência, ser abundante em clemência, é ter o real espírito de Natal." (Calvin Coolidge)

"É o Natal no coração que põe o Natal no ar." (W. T. Ellis)

"Natal é mais verdadeiramente Natal quando nós celebramos dando a luz do amor aqueles que necessitam mais." (Ruth Carter Stapleton)

"Natal! Esta é a estação para acender o fogo da hospitalidade no corredor, o cordial fogo da caridade no coração." (Washington Irving)

"No Natal comemore e faça com bom ânimo, porque o Natal vem apenas uma vez por ano." (Thomas Tusser)
"Faz parte do Natal tudo aquilo que de um jeito ou de outro, manisfesta a nossa alegria pelo nascimento de Jesus." (Ave Maria)

"Há mais, muito mais, para o Natal do que luz de vela e alegria; É o espírito de doce amizade que brilha todo o ano. É consideração e bondade, é a esperança renascida novamente, para paz, para entendimento, e para benevolência dos homens." (Autor desconhecido)

Natal...

Papai Noel... Santa Claus... Saint Nicholas... Père Noel... Sinterklaas… Father Chrismas… Kris Krigle…
Na verdade, estas figuras representam a mesma pessoa.


A diversidade de nomes deve-se à maneira com que cada povo, ao longo da História, acostumou-se a chamar esse simpático e rosado velhinho de barbas brancas que, especialmente para as crianças, é sinônimo de Natal.
Ao contrário do que se possa crer, Papai Noel, como esse personagem é conhecido no Brasil, não é uma criação comercial.

Sua origem se perde no tempo e, para muitos, não passa de uma imagem legendária, produto do imaginário popular. Há, porém, os que vinculam a figura de Papai Noel à do bispo São Nicolau, que teria vivido na cidade de Mira, na Ásia Menor, no século 4. “Atribuiram-se a ele vários milagres, mas o que marcou definitivamente foi sua bondade e a prática de distribuir presentes entre as crianças”.Nasceu daí uma devoção que se espalhou na Idade Média por toda Europa, originando a figura estilizada de Papai Noel, que toda madrugada do dia 25 de dezembro entra sorrateiramente nas casas, carregando um enorme saco às costas, para depositar sob a árvore de Natal presentes às crianças que se comportaram bem durante o ano. Há países como a Polônia em que os presentes são distribuídos às crianças no dia 6 de dezembro, data do nascimento de São Nicolau. “A primeira vez em que se mencionou a figura de Papai Noel foi no livro Uma Visita de São Nicolau escrito em 1823, pelo inglês Clement Moore”. Na obra retratava-se a figura de um velhinho que vivia andando num trenó, puxado por renas. Esse ambiente invernal acrescido do fato de São Nicolau ser visto apenas no período natalino, deu origem à idéia de que ele deveria viver numa região muito distante e isolada do planeta. Daí a escolha do Pólo Norte como sua morada. Foram os Irlandeses que agregaram a essa figura entes pagãos, como os gnomos, transformando-os em ajudantes, de Papai Noel, na fabricação dos brinquedos a serem distribuídos nas comemorações natalinas.
Em 1866, o cartunista norte-americano Thomas Nast resolveu dar formas ao personagem relatado no livro de Moore e desenhou, no Harper’s Weekly, um velhinho bonachão, de barbas brancas, muito semelhante ao estereótipo do vovô bondoso, que acabou se transformando na figura oficial de Papai Noel. As roupas vermelhas só foram acrescentadas no início deste século por meio de uma campanha publicitária feita no rótulo de uma grande marca de refrigerante.
Mas o verdadeiro Papai Noel é aquele que ama a Jesus de todo seu coração e dá presentes em nome dEle, fazendo de tudo para que as pessoas (especialmente os necessitados) louvem a Deus pelas dádivas recebidas. E, é também o desejo que as pessoas, de forma geral, conheçam a Deus, aprendam a dar, a amar e a cuidar dos outros como Jesus fazia
.



11.11.08

BORBOLETA

Minhas asas coloridas
Me levam de flor em flor
Minhas cores sempre vivas
São presentes do Criador
Eu nasço lagarta primeiro
E de mim você sai correndo
No casulo mudo por inteiro
Fico assim como estás vendo
Sou sua amiga borboleta
Que vivo no mundo a voar
Sou de muitos a predileta
Que gosta de te encantar.
Arandú, 20/07/05
O Coiote e o Papa-léguas
Era uma vez...Um pobre coiote, estava só e vivia a beira do caminho, não tinha amigos, estava sempre se escondendo dos outros, tentando se proteger e protegê-los...Pois ele parecia ser meio azarado, onde passava fazia estragos... Na verdade ele nem era assim tão descuidado, mas como coisas erradas aconteciam, quando estava por perto começou a crer que era por sua causa...Pobrezinho!Quanto mais o tempo passava, mais acreditava nesta falsa-verdade, e assim mais ela se interiorizava nele e mais ele passava a ser o que na realidade não era, mas já era tarde para desacreditar... (Acho que você entendeu o que eu tentei dizer...)E assim ele caminhava pela vida, apenas assistindo os acontecimentos e fazendo suas previsões quanto a dificuldade de se ter uma vida normal quando não se é tão normal...Os outros animaizinhos olhavam para ele e não entendiam porque ele era assim: lento, fugidio, calado, vivendo uma vida solitária e as escondidas. Vivia de restos, pois não ia a fonte. Ele contentava-se com o que tinha e sonhava com o que não era...Porém, não era assim que o viam, achavam-no elegante, capaz e até invejável, mas devido sua condição passaram a crer que ele tinha algo errado.
Mas um dia surgiu em sua vida um papa-léguas, um bichinho irriquieto, que estava sempre por perto, incomodando e apressando o coiote. Tornaram-se amigos, mas tinham mais desentendimentos do que acertos. Ao mesmo tempo que possuíam coisas tão iguais, tanta semelhanças, eram também extremamente diferentes!!!O papa-léguas, não suportava ver seu amigo vivendo com restos, parado num canto, apenas vendo a vida passar. Ele estava tão acostumado as aventuras da correria, de sentir o vento em sua face e a alegria de vencer as barreiras da vida, de ir atrás do melhor alimento. E ele não entendia o porque do refúgio e afastamento do coiote.E de tanto que falou, de tanto que incomodou o coiote começou a ver que perto do papa-léguas, coisas ruins não aconteciam. Parece que sua atenção e preocupação com o amigo coiote, estabilizavam sua vida e atitudes. E o coiote começou a sorrir e a viver aventuras ao lado do papa-léguas. Descobriu uma fonte onde havia água cristalina e pura, boa de se beber.Então o coiote passou a melhorar, sorrir e comer as melhores comidas, sua vida mudou, seu interior se renovou e até ele ficou mais bonito...* * *
As vezes, Deus coloca ao nosso lado na vida, pessoas que não se parecem nada com a gente. São agitadas e trazem experiências diferentes das nossas, por vezes nos irritam , por outras nos machucam, mas na maior parte, nos incomodam!O que não percebemos, é que elas nunca chegam a toa, mesmo que não saibam, tem o propósito de nos fazer crescer e acrescentar coisas à nossa oca existência. Aquilo que mais nos irritam, é porque mostram o que precisamos, ou sobra nelas o que nos falta!Não se descuide dos papa-léguas que Deus tem colocado em sua vida para fazer reagir e virar as situações de marasmo e inatividades...Tente entender o que Ele quer dizer com os papa-léguas ao seu redor e o que você também pode fazer por eles. Convivência é uma rua de mão dupla, pessoas se encontram com finalidade de se trabalharem, ajudarem e crescerem. Assim como nos ajudam, nos também devemos ajudá-las...Todo encontro tem significado no reino de Deus...
Renata G. Guimarães

O menino que tinha muito medo...
Era uma vez...
Um menino muito medroso, ele tinha medo de dormir sozinho, porque tinha medo do escuro. Tinha medo de atravessar a rua, tinha medo de ir buscar água a noite na cozinha e entrar no banheiro para tomar banho, quando começava a escurecer. Tinha medo de ir ao quintal e dependendo do que passava na televisão, tinha medo de continuar assistindo, mas também tinha medo de mudar de canal! Ele tinha tanto medo de tudo, mas tanto medo, que nem tinha mais coragem de dizer aos outros que tinha medo, não sabia o que ia acontecer, mas tinha medo de perder seus amigos ou que rissem muito dele...
E porque tinha tanto, mas tanto medo, ele acabou deixando de fazer muitas coisas, até coisas legais, porque seu medo ficava inventando receios ao seu coração, trazendo-lhe idéias malucas, sem pé e nem cabeça! Papai e mamãe estavam preocupados com ele, tentavam ajudá-lo para ver se contava o que estava acontecendo, mas nem assim ele falava. Estava com medo! (Até o levaram ao psicólogo, onde ele ficava brincando e desenhando, era legal, mas não sentia respostas para seu medo ali...)
Mas o menino já estava cansado de seu medo, tão cansado, que um dia resolveu enfrentá-lo.
O que poderia haver de mal? Tantas coisas ruins já estavam lhe acontecendo. De repente percebeu que não iria perder nada além do que já estava perdendo... E se enfrentasse o medo logo, talvez tudo aquilo acabasse...
Começou a procurar no meio de sua caixa de brinquedos alguma arma que o ajudasse, mas não estava em seu quarto. Teve que ir sozinho ao quintal, estava anoitecendo e ele nem percebeu, precisava pegar logo sua espada. Entrou no quartinho escuro, acendeu a lâmpada e procurou, procurou, mas não achou. Voltou para seu quarto, foi ao banheiro, não achou. Na cozinha, procurou pôr toda parte e nada. Então se lembrou que havia deixado na praça em enfrente a sua casa. Já estava escuro, mas nem notou, atravessou a rua e no meio de algumas plantas finalmente achou sua espada! Mas... Oh, ela estava quebrada! Tanto esforço pôr nada e agora como faria para enfrentar o medo?
Foi quando finalmente percebeu onde estava e tudo o que tinha feito para chegar até ali. E quando viu isto, notou também um monte de coisas juntas... Se tivesse enfrentado o medo desde o começo não teria crescido e se estendido à tantas coisas depois. E esse medo cresceu porque ele não o enfrentou. E no fim, já nem sabia mais do que realmente tinha medo. E porque deixou o medo crescer e tomar conta, deixou de fazer muitas coisas boas, que passaram a lhe dar medo e ele nem sabia porque, pois já nem se lembrava a razão de tanto medo em sua vida!!!
Assim, deixou de viver coisas boas, perdeu amigos, preocupou seus pais, parou de passear... E de repente ele viu que não existiam: nem monstros, nem bichos maus, nem bandidos. Pois foi ao quintal quando estava anoitecendo, entrou no quartinho escuro, foi ao banheiro e na cozinha sozinho, atravessou a rua a noite e foi lá sem lhe acontecer nada. Se coisas ruins realmente existissem quando ele fez tudo isso, elas viriam e o assustariam de verdade. E fariam mal à sua vida, mas como o seu medo o enganava tanto ele acreditou, mas nunca algo ruim lhe aconteceu de verdade!
Para gente grande, que também sente medo...
Assim tem sido, muitas vezes, nossa postura: medo de enfrentar dores, medo de reconhecer nossos fracassos. Queremos nos poupar e também àqueles a quem amamos. E quando percebemos, o receio só existe em nossa imaginação ou na complicação que havíamos tecido. Deixamos de usufruir a felicidade e coisas boas que Deus tem oferecido dia à dia, para aqueles que em simplicidade desejam caminhar ao Seu lado e confiar em Seu cuidado!
O Senhor é meu pastor, não temerei...
Ele possui a vitória, não temerei...
Ele me fará vencer as dores, crises e fracassos, não temerei...
Permitirá caminhar pelo flagelo da morte, das dívidas,
do abandono, da rejeição, da dúvida, da sensação de incapacidade e limitação, mas não temerei...
Pois em todos esses momentos:
Sua mão, cajado, consolo, ombro e COLO, estarão ao meu dispor.
Certamente que após isto felicidade e vida, plena e abundante, me seguirão por toda a existência que possa ter, contanto que sempre caminhe ao Seu lado e NÃO TENHA MEDO !!!

MEDO DE SER FELIZ...
“O perfeito amor lança fora todo medo...” I João
Renata G. Guimarães

A borboleta e a aranha

Era uma vez...uma linda borboleta, tinha as asas tão belas e transparentes, que até dava para enxergar do outro lado. Ela adorava voar contra o sol, assim o reflexo dos raios lhes dava diferentes cores! Porém, ela tinha consciência que aquilo que lhe trazia mais orgulho, também era motivo de sua maior preocupação. Tão lindas eram suas asas, também tão frágeis eram, sabia que precisava tomar cuidado pôr onde andava, ou melhor: voava! Se estava ventando muito forte, ela ia sempre perto de árvores ou então ficava em casa...Um dia ela resolveu passear pôr um lugar que não conhecia, tudo era tão novo e diferente, que se descuidou um pouco e caiu numa teia de aranha. Oh! Que coisa ruim, quanto mais se mexia, mais ainda se emaranhava! Começou a temer, viu que não conseguia se livrar e o medo foi aumentando pois percebia pelas vibrações dos fios, que a dona aranha se aproximava... Nossa, que susto! Jamais vira criatura tão forte e com cara mais medonha. Que vou fazer?Seu coração disparava e não conseguia pensar o que poderia livrá-la daquela situação. - Puxa vida! Pensou consigo mesma. Sou tão fraquinha, sei que nunca vou conseguir sair desta teia daqui, ela é bem mais forte do que eu, logo vou virar sanduíche para ela e sua família. Gostaria de ser mais forte, assim poderia enfrentá-la. Talvez se eu pudesse dar um soco no meio de seus 8 olhos (é crianças, vocês sabiam que as aranhas possuem no alto de sua cabeça 4 pares de olhos! Tomara que elas nunca precisem usar óculos!!!).E assim, foi fechando seus olhinhos e se preparando para o terrível momento, torcendo para tudo fosse rápido.Quando ela sentiu o peso da aranha bem perto, algo aconteceu, e bem lá no fundinho, encheu-se de coragem:Não posso desistir tão fácil assim...- Olá dona aranha, como vai a senhora?- Estava muito mal, mas agora que você caiu em minha teia, já estou mais feliz , respondeu ela dando uma gargalhada de prazer.A pobre borboleta engoliu em seco, mas continuou firme em seu plano.- Quer dizer que terei o privilégio de me tornar sua refeição?A aranha parou, estranhando a atitude de sua presa, geralmente suas vítimas lutavam para se livrar, e aqui estava alguém que se dizia feliz em ser seu almoço? Balbuciou um sim, e a borboleta continuou animada, ao perceber seu espanto.- Pois é, assim que me prendi à sua teia, parei para admirar sua capacidade e destreza em construir algo tão firme e sólido de fios tão delicados. Nem a conhecia e já imaginei que fosse um gênio na arquitetura de Teias. E agora que a estou conhecendo pessoalmente, percebo que a senhora é muito forte e resistente.- É??? Foi o que conseguiu emitir a surpresa aranha!Bem, nossa amiga borboleta, se empolgando cada vez mais, não ficou quieta e continuou:- Lógico que sim. Olha, eu que sou assim tão fraquinha, com minhas asinhas tão frágeis, admiro tudo que é forte e vigoroso. Gostaria muito de poder ser como a senhora, pois admiro tudo isso que conseguiu fazer, e ainda por cima sozinha! Não é verdade ?- É - Limitava-se a dizer a aranha ,como se fosse a única palavra de seu vocabulário.- Pena que eu seja tão sem graça, porque, provavelmente a senhora precise de uma alimentação mais substanciosa. E tendo eu que acabar minha vida assim, só lamento não poder admirar mais sua teia , ou ainda conhecer as outras mais belas que a senhora virá a construir...E dessa forma, a borboleta foi terminando a seu discurso, na expectativa de como tudo acabaria. Percebeu a aranha cada mais próxima dela, vindo pôr cima de seu corpinho. Já ia se despedindo da vida quando percebeu que a aranha cortava os fios de teia que envolviam sua asa...- Bem... Finalmente a aranha dizia alguma coisa, eu já almocei hoje, e como você disse, você é muito fraquinha. Até minha teia é mais forte que você! É melhor que vá embora.- Muito grata, dona aranha. Apressou-se a dizer a borboleta que já ia alçando vôo. A senhora não se arrependerá. Obrigada pôr tudo, e novamente, está de parabéns pôr sua teia!E voando o mais rápido que suas asas permitiam, tratou de voltar logo para sua casinha e ficar lá o resto do dia, meditando em como foi bom não desistir. Mas enfrentar as dificuldades, mesmo que você esteja consciente de suas fraquezas e tamanho pequeno!

Renata G. Guimarães

Colorir: qual sua importância?

Colorir desenhos é uma actividade tão natural para as crianças como dormir e chorar. Muito mais do que formas aleatórias, colorações monocromáticas ou rabiscos quase ilegíveis, o acto de colorir é extremamente importante nos artistas de palmo e meio, incentivando o desenvolvimento de várias e essenciais capacidades.
Expressão pessoal. Desenhar e colorir são formas de expressão pessoal por excelência das crianças, que nem sempre conseguem exprimir-se adequadamente através da fala ou da escrita. Vários estudos já comprovaram que é bastante fácil perceber o que alguém está a sentir através das imagens que desenha ou das cores que utiliza para colorir. Por exemplo, uma criança que desenha facas, pistolas, caveiras ou outros objectos perturbantes pode estar a pedir ajuda. Por outro lado, uma criança que desenha o sol, passarinhos, corações ou outros objectos alegres, pode estar a expressar o seu contentamento. É um exercício excelente para desenvolver personalidades e deixar a criatividade fluir!
Identificação das cores. A maioria das crianças tem a sua primeira (e muitas vezes única!) exposição à roda das cores e ao conceito de arte, graças às brincadeiras infantis com lápis de cor, de cera e marcadores. Aprender a distinguir as diferentes cores bem cedo, é meio caminho andado para perceber as suas várias e correctas aplicações, bem como possíveis misturas entre cores primárias e secundárias, mais tarde.
Uma forma de terapia. O simples acto de colorir pode ser terapêutico para muitas crianças e é uma actividade utilizada em muitos hospitais, centros de aprendizagem e instituições para possibilitar o “descarregar” de emoções, sentimentos e frustrações. Uma criança zangada pode perfeitamente pintar o seu desenho de uma árvore toda preta, a tal ponto que a própria figura deixe de ser visível. De outra perspectiva, uma criança organizada, que gosta das coisas à sua maneira, pode colorir o seu desenho meticulosamente, sem ultrapassar qualquer linha do mesmo. Independentemente da forma como vai colorir ou desenhar, esta é uma excelente forma de acalmar as crianças.
Aprender a segurar e a controlar. Um lápis de cera é, para muitas crianças, o primeiro objecto que aprendem a segurar, para o poderem controlar. Dominar um lápis de cera é a rampa de lançamento para conseguirem dominar as restantes ferramentas de colorir – lápis de cor, marcadores, pincéis – e, mais tarde, os de escrita – caneta e lápis. Quanto mais bem desenvolvidas estiverem as suas capacidades de segurar e de controlar um lápis de cera, mais facilitada será a sua aprendizagem mais tarde, quando começarem a escrever.
Coordenar para pintar. O desenvolvimento da coordenação olho-mão é outra grande lição que as crianças retiram das suas sessões de colorir. Desde segurar firmemente o lápis de cera, a reconhecer as cores que devem ser utilizadas, até ao acto de afiar os lápis, a verdade é que colorir desenhos implica uma enorme coordenação entre os olhos e as mãos. Quanto mais praticarem, mais vão desenvolver esta aptidão tão básica para a vida.
Aperfeiçoamento das capacidades motoras. Colorir é divertido, não é? Pois é! Mas também é muito mais do que isso – enquanto as crianças se entretêm a colorir, interagindo com marcadores, tintas, lápis de cor, de cera e papel, estão a trabalhar e a fortalecer os músculos das mãos. Colorir exige uma coordenação básica e um esforço conjunto entre os músculos dos braços e os das mãos que, uma vez desenvolvidos, permitirão às crianças executar actividades mais exigentes, mas com dificuldade mínima.
Concentração máxima. As crianças que se dedicam a 100% à coloração dos seus desenhos fazem-no na perfeição: não há espaço que fique por preencher, nem linha que tenha sido cruzada! E isto porquê? O simples acto de colorir tem a capacidade de prender a atenção de uma criança, estimulando a sua concentração máxima, mesmo face a um ambiente barulhento como uma sala de aula ou a cozinha antes da hora de jantar. Com o passar do tempo, os seus níveis de concentração vão continuar a melhorar.
Estabelecer limites. Uma criança mais nova não saberá respeitar as linhas do seu desenho tão bem como uma criança mais velha que já faz um esforço enorme para colorir dentro das mesmas… mas depressa chega lá! E ainda bem! Reconhecer e respeitar estes limites (mesmo que sejam os de um desenho!) é uma excelente experiência e método de aprendizagem para aquilo que se segue: escrever letras e números nas linhas de um caderno!
Missão cumprida! A satisfação e o sorriso na cara de qualquer criança que consegue colorir um desenho inteiro dentro das linhas, é uma vitória muito importante para os artistas de palmo e meio! O sentido de cumprimento, de que tudo é possível, é fundamental para as crianças porque dá-lhes motivos para se sentirem orgulhosos, capazes, confiantes e, claro, para ser congratulado pela sua comunidade mais imediata. Para além disso, é um sentimento de “missão cumprida” que dificilmente esquecerão.
Colorirdesenhos.com

Desenhos para colorir


















A criança e a timidez


Um adulto consciente de suas limitações, tende a ser mais compreensivo, tornando-se um aliado e não um inimigo das crianças.
A timidez também se aprende, ela não nasce como parte integrante do ser. A criança tímida aprendeu a ser assim. Trata-se de mais um comportamento pré-fabricado, dentre tantos que existem para rotular os indivíduos, lhes dar identidade. A timidez também se torna um identificador de indivíduos, é a mesma coisa que outros rótulos, tais como, medroso, ou corajoso, culto, popular, extrovertido, etc. Um indivíduo corajoso, apenas repete os gestos superficiais, alegóricos, que caracterizam aquilo que chamamos de coragem. Assim coragem, ou demonstração de bravura, são simples roteiros que se seguidos à risca, tornam qualquer um medroso, ou corajoso, ou bondoso, não significando, entretanto, que internamente, dentro de si, aquele indivíduo seja qualquer uma dessas coisas.
Se, para se fazer um bolo basta seguir um receituário, para ser medroso ou corajoso, vale a mesma regra. É como um ator a representar seu papel teatral daquele dia. Representando, fingindo, ele é capaz de se tornar corajoso, ou extrovertido, ou covarde. Ele pode se tornar qualquer personagem, sem, no entanto, ser nenhum deles de fato. Para entender a timidez, precisamos entender como se sente alguém tímido, que fatores externos e depois internos, o levaram a interpretar, na vida real, esse papel ingrato. Mais importante, no entanto, é compreendermos porque existe este tipo de comportamento, esse modelo de personalidade, que faz parte de um indivíduo, que às vezes o domina, que o controla e dirige a sua vida, aparentemente, à revelia da sua vontade. Sabemos como nasce alguém tímido. Eles são criados a partir das comparações com outrem. Afinal de contas, um tímido é alguém que sempre está em desvantagem, seja em relação a um, seja em relação a muitos. Ele se compara, não porque o deseje, mas porque já foi comparado antes, e logo se sente inferior, é um sentimento de inferioridade, de incapacidade. Logo sua auto-estima é baixa. Criamos o tímido quando louvamos qualidades nos filhos alheios, ou dos seus colegas, ou dos seus irmãos, deixando claro que estas, a nossa criança, aquela que é comparada, não possui. Um padrão de beleza que todos desejam ter, que passa a valer como ingresso de aceitação social, como um salvo conduto para merecer a atenção de um grupo, como um ingresso para fazer parte desse grupo, cria ou acentua a sensação de insegurança, própria do tímido.
Por isso trabalho em grupo é tão importante, sendo essencial, no entanto, que educadores e pais, criem na turma a idéia de igualdade. Isso se consegue na delegação adequada das tarefas, onde, ninguém deverá receber méritos diferenciados, ou ser elogiado por alguma particularidade. Deve-se elogiar sim, não um autor, mas a qualidade do trabalho, destacando-se as qualidades de cada um, sem classificar como menos ou mais, mas como igualmente importantes quando postas em conjunto, como resultado final.

Ao educador resta o respeito à criança, só assim poderá ajudar.
Compreender a timidez, isto é, seu plano de atuação na formação da psique da criança ou jovem, liberta o adulto inseguro, frustrado, violento e insatisfeito que seria seu futuro. Não podemos menosprezar a sensação de insegurança, que é quase uma regra entre os mais novos, assim como não podemos menosprezar, o medo que tenham, por exemplo, de falar em público. Isso apenas aumenta sua frustração e sensação de pequenez, que por si mesmo já é grande, não precisando, portanto, de alguém para lhes lembrar daquilo que já sabem ser. Restaurar a segurança, ou confiança perdida, de uma criança ou jovem, primeiro começa pela compreensão, da parte do educador, de que aquele sentimento merece atenção e consideração. E apenas assim, ao ganhar o respeito do educador que se mostra solidário consigo, ela se mostrará disposta a ouvir seus conselhos. Compreender então as diferenças, respeitá-las assim como o são, deve ser o primeiro passo do educador que deseja ajudar. Mas só poderá ajudar se o outro o permitir, e este só lhe dará acesso, se confiar em suas intenções. Isso se comprova pelo comportamento, palavras e ações, e nunca com discursos, por mais floridos que possam parecer. O tímido é mais observador que os demais, está sempre atento, até como meio de se proteger dos ataques que sempre acham virão de fora. E finalmente, não se cura a timidez com as comparações, isso apenas tende a agravar o quadro. Comparar um tímido a alguém de comportamento não retraído, é o mesmo que fazê-lo sentir-se culpado pelo fato de ser inseguro, quando na verdade ele o aprendeu a ser. Aprendeu de forma involuntária, à revelia de sua vontade, do seu consentimento, sem direito à escolha. Lembre-se sempre de que, nós também aprendemos todos os nossos desejos e manias, medos e vaidades, sejam desagradáveis ou não, sem o nosso consentimento, se depois os rejeitamos ou aprovamos, isso é outra história.
Autores:Jon Talber -
jontalber@gmail.com
Ester de Cartago - estercartago@yahoo.com.br
Exemplo prático: como trabalhar com projetos ...

“ Preste seu depoimento – disse o Rei – mandarei executá-lo, esteja
você nervoso ou não”.
Alice no país das Maravilhas – Lewis Carroll

Tomemos como exemplo a temática “Horta”. Com base no exposto acima, pretende-se esclarecer a seguinte idéia: mais do que saber o que é uma horta, o que plantar numa horta, de quais seres é constituído o ecossistema de uma horta, o que são hortaliças (conteúdos conceituais); a criança deve aprender a construir conhecimentos sobre: como plantar, como cuidar de uma horta, como cultivar hortaliças (conteúdos procedimentais) e como cuidar do ecossistema de uma horta, como aproveitar o produto de uma horta – seus frutos –, como alterar seus hábitos alimentares a partir do cultivo de uma horta (conteúdos atitudinais), enfim, provocar mudanças de valores, atitudes e procedimentos a serem utilizados na vida em sociedade.
A seguir, exemplifica-se, de modo didático, uma vivência junto a um grupo de alunos, quando determinada professora desenvolveu um projeto de trabalho tendo como tema “Uma horta em minha escola”.
“O cuidado com o canteiro iria iniciar e a sala estava em polvorosa. Primeiro, conversamos acerca de seus conhecimentos sobre uma horta. Muitas hipóteses pipocaram. Passamos, então, a elencar quais materiais necessitaríamos para o cultivo de uma horta, os quais foram listados em uma tabela com duas entradas, na qual a primeira entrada apresentava os materiais e instrumentos necessários e, a segunda entrada apresentava o conceito de pertencimento – se tínhamos ou não aquele instrumento na escola ou se precisaríamos adquiri-lo”.
Antes, porém, foi necessário que a professora sistematizasse as etapas do processo, como na Tabela 1:
Tema do projeto: Uma horta em minha escola
Abrangência: Conhecimento de Mundo: Natureza e Sociedade, Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Artes Visuais, Movimento e Música.
Produtores: Professora e alunos da sala verde - turma de 6 anos
Destinatário: Professores e alunos da sala verde especificamente e comunidade escolar em geral
Como começar: Roda da conversa (sobre conhecimentos prévios dos alunos acerca do cultivo de uma horta) roda da leitura (com portadores de texto que trouxessem informações sobre o cultivo de uma horta)
Justificativa: O presente projeto não contou com determinação prévia de sua duração, por se tratar de um tema instigante com possibilidades de abrangência genuínas. O interesse e participação da turma de alunos foi o fator determinante para a estruturação temporal do trabalho. A escolha deste tema se deu devido ao grande interesse demonstrado pelas crianças em manusear, observar e hipotetizar sobre bichinhos de jardins e hortas – tatuzinhos, borboletas, joaninhas, minhocas, entre outros, bem como plantas e flores – com gestos ora de afeto, ora de depredação – e os medos e brincadeiras derivadas desta exploração. Fazia-se necessário, assim, possibilitar que os alunos conhecessem e cultivassem uma horta, conhecessem seu ecossistema e se sensibilizassem sobre o fato de ser, a horta, fonte de alimentação e consumo; procurando ampliar seus horizontes no que tange à constituição e importância de uma horta para a alimentação, a possibilidade de inserir outras atitudes frente aos seres vivos em questão, bem como, ampliar seu entendimento quanto aos hábitos alimentares em sua dieta diária.
O que os alunos vão aprender:
1. Fatos, Conceitos e Princípios: Em Natureza: o que é ecossistema; o que é germinação; o que é fauna e flora; o que é adubo; tipos de adubo; o que é transplante de plantas; o que são hortaliças, especiarias e bulbos; o que são frutas e legumes; o que é clorofila; diferenças entre semente e caroço; partes de uma planta; o que são plantas ornamentais; o que são plantas medicinais; diferenças entre floresta, horta, jardim, pomar; diferenças entre fazenda, chácara e sítio; classificação de árvores e arbustos e outras plantas; o que são ervas daninhas e pragas; qual é o ecossistema de uma horta: o que são pulgões, lagartas, minhocas, formigas, vaquinha, brocas, cochonilhas, afidídeos, lesmas, caracóis, borboletas e joaninhas e quais suas “funções”; horticultura e fases da lua, sistema solar e planeta Terra; quantidade de água existente no planeta Terra; importância do sol, do ar e da água para o plantio; coleta seletiva de lixo, tipos de lixo; porque precisamos nos alimentar; tipos de alimentos (reguladores, construtores e energéticos); diferença entre vento, ar e gases intestinais; órgãos do sentido; aparelho digestório; agravos à saúde etc. Em Sociedade: o que é uma quitanda; planta do bairro onde se mora; planta de uma casa (externa) com horta; planta de uma horta; profissionais que lidam com o solo etc. Em Matemática: a contagem dos dias, semanas, meses e anos (rotação e translação); tipos de relógios; calendário etc. Em Linguagem Oral e Escrita: diferença entre a grafia Terra e terra, polissemia da palavra pé; polissemia da palavra planta; quem diz obrigado e obrigada (questão de gênero); composição de um jornal-mural.
2. Atitudes, Normas e Valores: Em Natureza: receitas com sobras de alimentos; respeito às plantas e pequenos animais existentes numa horta; higiene (mãos, corpo e dentes); cuidados com a alimentação, dieta saudável; cuidados ao estar em contato com forno e fogão; Em Matemática: cotação de preços (+ caro e + barato); Em Sociedade Movimento: biografia dos artistas estudados em Artes Visuais, Música e Linguagem Oral e Escrita, cuidados ao atravessar a rua; como se portar na casa de uma pessoa como visitante; como se portar à mesa (self-service e quantidade adequada ao montar seu prato); Em Linguagem Oral e Escrita: contato com o belo artístico de diversas produções literárias através da apreciação de poesias e músicas de escritores como: Carlos Drumond de Andrade, Casimiro de Abreu, Cecília Meireles, Fagundes Varela, Gonçalves Dias, Henriqueta Lisboa, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Olavo Bilac e Vinícius de Moraes; Em Artes Visuais: contato com o belo artístico através da apreciação de trabalhos de artistas como Claude Monet, Vincent Van Gogh e Maurício de Sousa; Em Temas Transversais: respeito, cooperação e amizade; Em Música: apreciação de peças musicais de artistas consagrados à infância através de audições, recitações e reproduções das mesmas.
3. Procedimentos: Em Natureza: etapas e objetos para lidar com o solo; etapas e objetos para o cultivo de uma horta; etapas para a adubação; como regar plantas; diferença de procedimentos numa horta em dias de chuva e em dias de sol; como cozinhar; como produzir adubo orgânico; como retirar ervas daninhas; como montar uma tabela para cotar preços; etapas de como identificar causas e problemas no plantio de hortaliças; como transplantar hortaliças e especiarias; Em Matemática e Linguagem Oral e Escrita: como montar uma tabela para controle de causas e problemas no plantio de hortaliças.
Recursos: Jornais, revistas, livros, slides, apostilas, utensílios necessários para o plantio de uma horta, papéis diversos, cola, tesoura, lápis, canetas hidrocor, giz de cera, giz pastel, sementes, água, sobras de alimento, lixo orgânico, fitas cassete e CD’s, réplicas ou detalhes de obras de arte, entre outros.
Desenvolvimento do projeto: 1) roda da conversa diária (sobre conhecimentos prévios dos alunos acerca do cultivo de uma horta e sobre descobertas que ampliavam seus conhecimentos a cada dia); 2) roda da leitura (com portadores de texto que trouxessem ao grupo informações, dados, mas, sobretudo, sabor pelo fato de estarem pesquisando sobre a horta: poesias, contos etc.) (veja quadro 2); 3) pesquisa em diversos portadores textuais – revistas, livros, apostilas – constantes de diferentes acervos (biblioteca escolar, biblioteca do bairro, acervos familiares, acervo da professora, bancas e livrarias) de materiais que pudessem informar ao grupo as etapas sobre o cultivo de uma horta; 4) debate com base nos conhecimentos prévios e nas informações recolhidas do material pesquisado – a professora teve o cuidado de não interferir desnecessariamente nas discussões, para que os alunos pudessem experienciar o contato com diferentes pontos de vista e que se apoiassem mutuamente, rechaçassem ou corroborassem as diferentes contribuições advindas de seus pares; 5) entrevista com mães “cuidadoras de horta” para relato de sua experiência e exemplificação – apreciação prática – de sua conduta quando do cultivo de uma horta; 6) visita a uma horta “familiar” – horta cultivada pela família de uma das crianças; 7) preparo do solo para plantio; plantio de sementes de couve e alface; seleção de sementes; coleta de ervas daninhas; tratamento de pragas; tratamento de pequenos animais; rega diária; produção de adubo orgânico; registro de atividades e experiências efetuadas; 8) apreciação e leitura de obras de arte (Primeiros Passos – de Vincent Van Gogh (1890) e Os primeiros passos da Moniquinha – de Maurício de Sousa (2001); A Sesta – Vincent Van Gogh (1890) e O Cochilo – de Maurício de Sousa (1993); De Manhã: Casal de Camponeses a Caminho do Trabalho – de Vincent Van Gogh (1890) e De Manhã: Casal de Caipiras a Caminho da Roça – de Maurício de Sousa (2001); O jardim em Argenteul – de Monet (1873); Girassóis – de Vincente Van Gogh (1889) entre outras, possibilitando a re-leitura das crianças (técnica que possibilita a criação de obras de arte inspirando-se na obra original, porém com atributos do novo artista); 9) impressão com folhas, pintura a dedo, pintura com lápis aquarelável, recorte, colagem e complementação de cenas; dobraduras, cartonagem e bisqüis de animais e plantas; 10) audição de histórias e músicas; re-conto de histórias e “causos” ouvidos; 11) texto coletivo sobre o conhecimento adquirido para composição de jornal-mural; elaboração e escrita de listas de produtos, procedimentos e regras para o cultivo de uma horta, quanto de uma visita social, quando de um almoço coletivo, quando de um piquenique.

Avaliação:
A avaliação foi efetuada durante todo o processo, pois dela dependeu a elaboração dos passos seguintes e os ajustes necessários. Não foi preciso criar situações artificiais de avaliação. Foram elaborados portfólios individuais para que cada aluno pudesse perceber e acompanhar sua própria evolução, este portifólio contou com um “pré-teste” – uma roda de conversa que foi gravada em fita cassete, quando se avaliou o conhecimento prévio dos alunos; atividades gráficas durante o processo – com o registro de execução das diversas tarefas propostas e, no final, com um pós-teste, quando se avaliou o que e como as crianças aprenderam – com gravação em áudio de rodas de conversa que se realizaram no decorrer do projeto. Aproveitou-se, para tanto, a própria situação de aprendizagem e suas diferentes etapas. Cada aluno teve seu percurso individual e foi respeitado seu tempo para aprender. Procurou-se, portanto, trabalhar com a hipótese de que a avaliação do sujeito é o resultado da soma da análise do processo com a verificação do desempenho de cada um e do grupo. Corroborando as idéias de Esteban (2001) para quem uma possibilidade de conectar a avaliação ao processo estabelecido pela Pedagogia de projetos é torná-la uma prática de investigação tanto dos processos desenvolvidos como dos resultados apresentados, alunos e professor foram vistos como sujeitos interdependentes para o desenvolvimento do projeto, eivados que são por conhecimentos, desconhecimentos, descobertas, competências e aprendizagens. Possibilitou-se espaço e tempo para as mais diferentes perguntas e dúvidas. Tais elementos indicaram os percursos a serem seguidos de modo a dar continuidade ao projeto e definir sua finalização. Desta forma, não importou muito a atribuição de nota ou conceito, mas a preocupação com a compreensão do processo ensino/aprendizagem visando permitir a ampliação do conhecimento: levando ao encontro do que se revelou, durante o projeto, como desconhecido, necessário, interessante, desejado ou significativo. Procurou-se compreender como o outro – aluno – compreendia ou aprendia; o que aprendia e o que podia ensinar; como ensinava seus pares; como esclarecia o que já sabia, o que passava a saber ou o que não sabia, não apenas ao final do percurso, mas enquanto realizava as atividades propostas e procurava construir as competências em questão. Entendida como investigação, a avaliação não trabalhou com o objetivo de se chegar a uma única resposta, mas questionando as muitas respostas encontradas e os diferentes caminhos percorridos. Neste panorama, os alunos se sentiram livres para dar as suas respostas, mesmo parciais e provisórias, posto que foram aprendendo, no decorrer do processo, que todas as respostas existentes no percurso de construção de conhecimento da humanidade, também foram parciais e provisórias a seu tempo. Levou-se em consideração as aprendizagens realizadas pelos alunos durante sua realização em todo o processo e não somente sua performance quando da apresentação do produto final à comunidade escolar.
Culminância (Produto final): degustação dos frutos da horta – hambúrguer com alface e feijoada vegetariana com couve-flor e jornal-mural para informação da comunidade escolar, com o conhecimento construído no decorrer do projeto.
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